Reflexões Inquietas

O NEGRO NA FORMAÇÃO SOCIAL DOBRASIL

A Rota do Escravo

A formação econômica do Brasil é contada com base nos pontos de vista do conquistador. Portugueses, espanhóis, holandeses, franceses e ingleses ocupam o centro da cena. A questão da formação social do povo brasileiro foi, entretanto, tratada com pouco caso por muitos séculos. Mais recentemente, isso tem mudado. Já se consegue ter uma visão bastante clara de como essas relações foram mediadas por racismos de toda ordem, seja contra indígenas, seja contra os negros escravizados. Destaque tem sido dado ao papel exercido por Salvador e Rio de Janeiro, nossas duas primeiras capitais.

Esta nota pretende recapitular o que alguns escritores falaram a respeito da importância dos povos negros dominados na formação do Brasil e de suas consequências. De Roberto Moura, com sua Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro, vem a relação entre as duas primeiras capitais do Brasil – Salvador e Rio de Janeiro – tal como eram vistas e vividas pelo escravo vindo da África. De Francisco Guimarães, o Vagalume, vem Na Roda do Samba, onde foram revisitados os produtos dos primeiros músicos da terra, que criaram o samba, uma forma de expressão que se tornou uma das maiores marcas do caráter do homem brasileiro. O intervalo temporal aqui abordado começa na Colônia, passa pelo Império e pela proclamação da República. Grosso modo, dos 1500 até cerca de 1930. 

Ressalta-se a importância do negro na formação da nacionalidade. Ela foi mais do que uma contribuição. Em muitos aspectos a liderança negra se impôs, de modo que o homem brasileiro é o resultado de um processo anárquico de interações raciais. É o fruto inacabado dos trópicos, com suas qualidades e defeitos, paixões e ódios.  

Para finalizar, faz-se crítica à forma com que a Marinha brasileira, por meio de seu comandante, rejeitou as homenagens que estão em discussão no Congresso, acerca do papel exercido pelo marinheiro João Cândido, na Revolta da Chibata, de 1910.

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4 respostas

    1. Dear Mafalda Northcott,
      This was not the first time that I’ve been noted for trying to make it easy a complex problem.
      When I talk , I can be hard, even rude, perhaps because a word vanish in smoke.
      When I write, I’m more cautious, because a word remain in the paper.
      I invite you to read the paper “De Centenários e de Construções Inacabadas” posted in the same site in 2023, Nov.14th.
      You wil find there a more intense analysis for the Brazilian social formation. I hope so!
      Sincerely yous

  1. Então, retomando, gostei muito do texto, de uma forma criativa vai narrando a importancia da cultura africana, com seus diferentes povos, na formação da identidade do “Homem Brasileiro”, na manifestação da religiosidade, na culinária, na lingua , na música( artífice principal) , nas festas populares.
    O texto aprofunda o legado da cultura negra, tão proposital.ente encoberto pela história oficial .
    A leitura , apesar da seriedade do assunto abordado, corre leve , não exige do leitor conhecimento prévio.
    Parabéns, muito bom!

    1. Obrigado, Sonia.
      Você tem razão, é preciso colocar luz na realidade do povo que a história oficial sempre quer esconder.
      Há alguns anos, o Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, vem desenvolvendo um projeto ambicioso chamado Porto Maravilha.
      Ele, de fato, tem buscado revalorizar a região do porto e de áreas da Cidade Nova, como Caju, Gamboa, Saúde e Santo Cristo.
      O que fazer no entanto com aqueles moradores que são netos e bisnetos da “velha guarda” que criou o samba carioca em casas humildes desses bairros?
      Vai tudo abaixo? A história será soterrada por prédios altos e modernos que ocuparão seus espaços? Terá o Prefeito sensibilidade para acomodar interesses tão distintos?
      Outro dia, vi um documentário no canal Curta, que mostrava o povo, na maioria negro, daquela região. O que esse povo mostrava eram novas formas de dança e de poesia popular. Lindo! Povo vivo! Certamente, eles devem ter sido educados para não esquecer dos feitos de seus avós e bisavós.
      Que se faça a tal revitalização. O local ficou bonito, com novos museus, aquários e outros atrativos.
      Que se preserve a história dos bairros e de sua gente. Ou melhor, que não se mude o povo de seu lugar de origem.

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