É de amplo conhecimento que a música brasileira resultou de uma dupla influência. De um lado, a harmonia e a melodia oriundas do barroco, do classicismo e do romantismo europeus marcaram a formação de todos os compositores nacionais vindos das camadas mais abonadas da sociedade. Boa parte dessa música chegou a nós com a vinda do Príncipe Regente, D. João, sob a forma de partituras de modinhas, que traduziam as óperas e sinfonias para o gosto popular. De outro lado, o ritmo africano colocou sensualidade nas bem comportadas composições da Europa.
Os autores apresentados trazem essas contradições de uma forma clara: suas obras são complexas na estrutura e de fácil assimilação rítmica. Serão dez os exemplos: três tangos do sofisticado Ernesto Nazareth (RJ 1863/1934), quatro do poderoso Heitor Villa-Lobos (RJ 1887/1959), compostos por bachianas, prelúdios para violão e choros e três choros de Alfredo da Rocha Vianna Filho, o malemolente Pixinguinha (1897/1973). No apagar das luzes, acrescentei mais um, Waldyr Azevedo (RJ 1923/1980) , que não pode ser esquecido pelos chorões.
O foco foi colocado em músicas que caíram no gosto popular. Elas são belas, mas não são, necessariamente, as mais importantes dos repertórios de seus autores. Nessa época conturbada em que vivemos, é preciso olhar para a frente em busca de caminhos para o desenvolvimento e olhar no retrovisor, de quando em quando, só para reavivar a memória do tanto de coisa bonita que aqui foi feita.
2 respostas
Ficou muito bom, gostoso e necessário, para aliviar o momento presente…
(Podias encaminhar ao Maestro, roteiro para o próximo curso)
Obrigado, Sonia.
Vou mandar para o Maestro Galindo, como você sugeriu.
Aproveito para corrigir um erro do texto.
A música Carinhoso do Pixinguinha que postei aqui foi gravada em 1930 e não em 2023.