Reflexões Inquietas

O BRASIL NO SÉCULO XX (1900/1961): política, economia e cultura

A premiada tela “Café” (1935), que projetou Portinari para o mundo

No passado recente, já foram postados aqui dois trabalhos que trataram do século XX brasileiro: um falava de Anos Dourados e o outro de Centenários da independência. O objetivo deste trabalho é o de retomar o tema não mais da formação econômica do Brasil, mas dos eventos econômicos, políticos e culturais que mudaram as instituições do país no século passado. Há inúmeras repetições. Numa abordagem cronológica, pretende-se falar do século de modo a destacar somente dois grandes períodos: 1900/1961 e 1962/1999. Neste texto, a análise se dará, apenas, com relação ao primeiro; o segundo fica para mais tarde. Aqui, se apontará para a esperança; lá para a insegurança, o medo.  

A virada para o século XX viu o Brasil superar o tipo plantation de exploração econômica para o modo capitalista de produção. Uma transição dessa natureza não ocorre sem grandes dores. Enquanto o nascente liberalismo econômico se impunha, o conservadorismo político tentava manter intocadas as estruturas da sociedade. Uma contradição insuperável, que marcou toda a história dessa primeira parte do século. Agitação política, que refletia as tendências políticas do mundo, tendências autoritárias, nacionalismo em oposição a secessionismo e fortes movimentos culturais na literatura, na música e nas artes plásticas. Todos eles procurando entender o Brasil.

Na tentativa de compreender o que ocorreu, ficou claro que um país não se constrói somente com economia forte. Seus habitantes tiveram de desenvolver afinidades e de construir obras comuns a todos. O resultado foi chegar a um homem brasileiro esperançoso com os rumos da economia e encharcado de uma literatura voltada à denúncia das mazelas derivadas da pobreza nacional, mas de música e arte de bastante qualidade. Foi por meio deles, mediados pela política, que se formou um povo nestes tristes trópicos.

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6 respostas

  1. Li e ouvi todo, confesso que me exigiu muita atenção, a leitura não é linear, abrange simultaneamente, temas que exigem leituras diferentes. Passeias da abordagem politica, tocas na econômica e desaguas na cultura, como energia circulante.. ufa..!! Mas o resultado surpreende, estabelece relações difíceis de serem pensadas sem o roteiro do texto. Inovas e enriqueces a percepção sobre o período.
    Uma observação , não consegui ouvir todo o vídeo “Primavera”, de Carlos Lyra e Vinicius, o som foi interrompido.

    1. Obrigado pelos comentários, Sonia.
      Vou continuar tentando ser mais claro, de modo a não “escrever difícil”.
      Aliás, dizem com razão que quando se tem dificuldade de escrever é porque se teve dificuldade de pensar.
      O texto tem, de fato, elementos de um ensaio especulativo. As ideias meio que “sambam” em minha mente.
      Ouvi de novo a música Primavera do Carlinhos Lira.
      Logo no início, há uma trava, que dura alguns segundos. Eu dei uma clicada numa tecla qualquer e, não sei se por isso, a música voltou e foi em frente.
      Tente isso.
      Abraços

  2. O texto é muito, muito interessante, centrado praticamente na importância das artes e da música para o desenvolvimento nacional. E os enxertos musicais tornam o texto muito gostoso. Nos comentários sobre a vida econômica e política, em algumas passagens, como a do período de JK, talvez pudesse se estender um pouco mais.
    Duas observações sobre problemas de impressão: i) quando fala de Guimarães Rosa – Um cinturão, cita como referência Graciliano Ramos; ii) quando fala de Noel Rosa, cita Bororó , MEU padrinho. Não seria SEU ?
    Ao final do comentário : Parabéns! Aumentou a saudade dos nossos encontros.
    Bjs
    Lenina

    1. Obrigado pelos comentários, Lenina. Fiquei envaidecido por seus elogios.
      Suas dúvidas:
      1. De fato, numa versão do texto, eu troquei Guimarães Rosa por Graciliano Ramos. Eu consertei, mas vou dar outra olhada.
      2. Juscelino merece mais espaço. Ocorre que eu fiz mais comentários ao governo dele no texto sobre os anos 50, os Anos Dourados, que também está publicado. Eu não quis ficar muito repetitivo.
      3. No caso de Noel Rosa e Bororó, o que ocorreu é que fiz a apresentação deles em sequência, também para poupar espaço. Assim é que Noel é o autor da música Conversa de Botequim e Bororó, que é meu tio e meu padrinho, é o autor de Da Cor do Pecado. Bororó era o apelido dele, que se chamava Alberto de Castro Simoens da Silva. O mesmo Simoens da Silva que trago em meu nome.
      Sim, vamos falar com o Zé e marcar novo encontro.
      Beijos,
      Luiz Afonso

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