No dia oito de fevereiro de 2024, a Polícia Federal tornou pública a iniciativa de responsabilizar os culpados pela tentativa de golpe do governo Bolsonaro. Nos dias subsequentes, o ranger de dentes de possíveis envolvidos tem-se feito ouvir. Que seja.
Os jornais começaram a registrar o óbvio: essa é a primeira vez que o Brasil cogita prender seus eternos golpistas. Será feito agora o que os vizinhos no Sul já haviam feito com relação a suas próprias ditaduras militares? Estará o Brasil avançando institucionalmente, ainda que aos trancos e barrancos, no meio da maior algazarra? Tomara!
Este texto tentará enfrentar a segunda metade do século XX, aquela parte de nossa história que não foi banhada pela luz da democracia, entre 1964/1985 e as tentativas de retomar uma certa normalidade democrática dali em diante. O passado, que parecia morto, no entanto, voltou à tona para nos atormentar.
A pergunta que se coloca é: até que ponto as tentativas de golpe de Bolsonaro estão conectadas com o golpe militar de 1964? Em outras palavras: o ódio, o ressentimento, o negacionismo que dominam a vida política nacional não teriam sido plantados lá atrás?
As seções se dividem em cinco partes e um adendo: esgotamento de uma era (1961/3); a ditadura militar (1964/85); a Nova República (1985/2018); apenas um adendo para o governo de Bolsonaro (2019/22); e Questões em Aberto.
2 respostas
Gostei muito do texto, as interfaces politicas, econômicas, musicais e literárias, fluem, dando consistência e leveza a análise. Fizestes um relato breve, mas
abrangente, em relação a diferentes aspectos ,fundamentais para compreensão
da realidade brasileira a partir dos anos 60.
Obrigado, Sonia, bondade sua.
O Brasil não é para principiantes, já dizia Tom, e nos tempos atuais então?
Para entender um mínimo de Brasil, preciso, ainda, cruzar serras, vales, escarpas, grotões…
E preciso ler os que estão preocupados com ele.
Abraços