Reflexões Inquietas

DE CENTENÁRIOS E DE CONSTRUÇÕES INACABADAS

O Jantar, Jean-Baptiste Debret, 1829, Itaú Cultural        
 

Em 1822, deu-se o Grito de Independência de Dom Pedro I. Em 1922, a capital da República festejou generosamente seu primeiro centenário de libertação de Portugal. Em 2022, foi comemorado o bicentenário da independência do Brasil?

Este artigo procura analisar o que ocorreu nos períodos de formação dessas datas nos campos da economia, da política e da cultura. A ideia central é que o elemento-chave da construção das relações sociais entre brancos e negros, numa sociedade escravocrata e racista, deve ser buscado no desenvolvimento musical do povo brasileiro, ao final do primeiro centenário. A mistura da música europeia com o ritmo africano teve como consequência a criação de um gênero, o samba, que se impôs como marco da cultura nacional e que serviu de base para a invenção do homem brasileiro.

Na virada para o século XX, quando se inicia a arrancada para o segundo centenário, tudo se passa no bojo de um processo de busca da Modernidade. Essa busca passou por fases de confronto com o atrasodo patriarcalismo, o que tem a ver com miscigenação, branqueamento e formação de uma unidade nacional, que se contrapôs a um renitente regionalismo e seus desejos de separação.

Na revisão do texto para postagem, dei-me conta do erro de não ter feito nenhum comentário acerca das relações abusivas do conquistador com o índio natural da terra. Consciente do perigo que o branco representava, ele se aprofundou no interior o país, onde foi caçado, impiedosamente, pelo Bandeirante. Numa época em que se reconhece o terror a que as tribos ancestrais foram submetidas, fica aqui o pedido de desculpas, por ter-me concentrado na escravização do negro. Creio que preciso enfrentar essa lacuna. 

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2 respostas

  1. Reli teu texto, nesta nova apresentação e ele continua a me encantar pela interação que faz entre a cultura( em especial a música) e a história econômica e política. Para mim esta correlação que flui do texto é o novo, o inusitado.
    Ele é extenso, mas mantem a atenção do leitor, porque abre um novo caminho
    de interpretação da nossa realidade. Valeu…

    1. Obrigado, Sonia, ele é, de fato, bastante grande.
      Vou procurar fazer textos mais enxutos.
      Acho que menos palavras caem melhor no gosto de nossa época.
      Bom que você gostou!

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