Reflexões Inquietas

Crônica do tempo presente: pandemia digital, irracionalidade e desastre anunciado, de José Luiz Conrado Vieira

A Torre de Babel, de Pieter Bruegel, o Velho, c. 1563. Museu de História da Arte, Viena.

O autor deste texto é Físico, formado pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (1978), e bacharel em Direito, também pela USP (1984), com cursos de especialização em Economia (FIPE/USP) e Finanças (ACREFI). Mestre (1993) e Doutor (1999) na área de Direito Econômico, pela USP, é autor do livro A Integração Econômica Internacional na Era da Globalização: aspectos jurídicos, econômicos e políticos sob prismas conceitual e crítico (2004), e de capítulos ou artigos em outros livros e em revistas, jornais, etc. É analista aposentado do Banco Central do Brasil, onde foi Gerente Técnico regional, Consultor na área de assuntos internacionais e Chefe Adjunto do departamento de gestão das reservas internacionais, atuando, também, na educação corporativa (UniBacen) e em negociações internacionais (Aladi, Alca, Mercosul, etc.). Professor da área de pós-graduação do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), foi Conselheiro do LLM (Legal and Law Master) e membro do Comitê Acadêmico da Pós-Graduação. É membro do Gacint (IRI/USP).

Dentre as suas preocupações está a falta de um “projeto de país” capaz de oferecer um horizonte de desenvolvimento sustentável de longo prazo para o Brasil, com eliminação da pobreza extrema, melhoria expressiva da distribuição de renda e aumento do valor agregado da produção (retomada da indústria), pautado, sobretudo, pelo aproveitamento das vantagens comparativas, reais e potenciais, que o País detém ou pode desenvolver, rapidamente, em diversas áreas, como energia, recursos hídricos e meio ambiente.

A apresentação do autor, a seguir, é de 22.06.2024. O texto foi elaborado a partir da preocupação com os contextos prévio e (do imediato) pós-eleitoral de 2022, período em que, como se sabe, o cenário político brasileiro encontrava-se bastante agitado e tenso, marcado por mobilizações ditas “bolsonaristas” (a crônica traz uma possível abordagem classificatória para esse termo) em rodovias e em frente a quartéis, num processo insólito, claramente “orquestrado” e altamente preocupante.

As dúvidas, perplexidades e opiniões observadas, à época, na mídia tradicional, nas redes sociais e nas relações humanas cotidianas geraram uma demanda (de parentes e amigos) pela produção de algumas linhas acerca, sobretudo, da etiologia daquelas manifestações e do ambiente de polarização ideológica como um todo. Essa, em síntese, a origem desta crônica “descritivo-argumentativa” (um tanto mais extensa que o usual para esse gênero textual), que buscou, basicamente, oferecer subsídios para que cada um pudesse (melhor, talvez) avaliar o estado de coisas político-ideológico que se instalara no País.

Concluída em 08/12/2022, foi enviada tão somente àqueles (poucos) que a haviam demandado com arguições e provocações. Trata-se, pois, de um texto simples e despretensioso, elaborado sem maiores preocupações com o rigor metodológico acadêmico (já que o objetivo não foi esse), começando com uma imersão nos fatos e oferecendo, mais adiante (no item 9), uma breve abordagem dos principais elementos de ordem conceitual envolvidos.

Essa imersão deixou claro, desde logo, o papel das redes sociais naquele processo, que traduziu, em grande medida, a importância e o potencial dos novos e sofisticados recursos tecnológicos de imagem e som em processos de comunicação de massa, seja em períodos eleitorais, seja em relação a governos, instituições, pessoas, questões políticas, econômicas etc., tendo-se verificado, em 2018, o grande teste eleitoral dessas inovações, no Brasil, com o uso intenso das redes sociais, sobretudo, na campanha presidencial de Jair Bolsonaro.

E por que publicar essa crônica agora? Primeiramente, por conta do contido em seus itens 10.2 a 10.4, que a mantêm atual, presente o fato de se estar num ano de eleições municipais e com um ambiente de polarização ideológica que aponta, já, para as Eleições majoritárias de 2026. Em segundo lugar, pelo fato de que o uso das redes sociais com fins político-ideológicos não só não cessou, como passou a contar com recursos tecnológicos ainda mais avançados (de Inteligência Artificial), que ampliaram, perigosamente, o espectro das fake news ao permitirem a produção inescrupulosa, por exemplo, de deepfakes para ataques desconstrutivos a pessoas, governos e instituições.

No mais, cabe especial destaque aos vídeos e textos citados ao longo da Crônica, pelas contribuições que trazem à análise integrada das várias questões envolvidas nessa temática. Por fim, cumpre ressaltar que o texto foi mantido, rigorosamente, em sua versão original (de 08/12/2022), incluindo, portanto, eventuais erros, repetições etc.

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2 respostas

  1. Este texto aborda uma das questões mais prementes, senão a mais, para sobrevida da Democracia. Dá um chute inicial na discussão que tem de ser urgentemente aprofundada em todos espaços que se propõem democráticos. A briga pela regulação das redes sociais é prioridade um e temos como oponente as maiores empresas de tecnologia internacionais, aliada aos grupos de extrema direita nacionais e internacionais. Só com muita mobilização e conhecimento, poderemos fazer o enfrentamento.

    1. José Luiz disse:
      Sônia, grato pelo seu comentário.
      Creio que você conseguiu expressar muitíssimo bem o sentido da publicação, agora, em 2024, dessa Crônica datada de Dez/2022.
      É isso mesmo: estamos diante de “uma das questões mais prementes, senão a mais”, no que tange ao futuro de curto e médio prazo da democracia, sendo que o objetivo desse texto foi, de fato, levantar elementos que pudessem colaborar na “discussão que tem de ser urgentemente aprofundada em todos espaços que se propõem democráticos”.
      Veja que o debate acerca da regulação das redes sociais continua sofrendo, no Brasil, uma oposição (e, até, obstrução, interdição) fortíssima por parte de certos segmentos da sociedade que se expressam, em termos políticos, sobretudo pela chamada “extrema direita”.
      Regulação é um termo de conceito que envolve consciência e interesse social (coletivo), conotando, em síntese, “avanço civilizatório”. Mostram bem isso: o advento das Constituições nacionais para conter o “poder imperial” de reis e governantes em geral; as leis trabalhistas, para contenção do poder desenfreado do capital sobre o trabalho; as leis concorrenciais, para conter os monopólios e oligopólios privados; e assim por diante.
      Bastaria, portanto, a compreensão do conceito de regulação para que as sociedades, diante do quadro do mundo atual em termos de tecnologia da informação e da comunicação, exigissem uma legislação adequada (que precisa ser cuidadosa e inteligente, obviamente) para a contenção dos absurdos hoje praticados na esfera das mídias e redes sociais, incluindo, sem dúvida, o poder econômico que as impulsiona e delas se utiliza.
      Enfim, como você bem disse, “a briga pela regulação das redes sociais é prioridade um” e “só com muita mobilização e conhecimento, poderemos fazer o enfrentamento”.
      Valeu!
      Um abraço.

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